Seja Bem Vindo ao Estudo do Magnetismo

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

E O ESPIRITISMO?


Costumamos dizer ou achar que apenas coisas pequenas não ferem nossos sentidos ou, quando muito, não afetam os interesses de uma coletividade. Mas existem coisas de grande porte que igualmente conseguem passar despercebidos ou sem provocar as reações que lhes seriam proporcionais.
Recorrendo à história do Cristianismo observamos, com pesar, que isso já ocorreu, sem maiores reações, pelo menos no momento em que tal se dava.
Jesus implantou na Terra o verdadeiro Cristianismo, sem igrejas, ritos e dogmas, mas rapidamente sua base foi distorcida pelos interesses políticos de então, de onde surgiram os enxertos das práticas estranhas à moral estabelecida.
Pouco mais de 1.200 anos depois, o bem amado Francisco de Assis discorda da suntuosidade da Igreja e parte para a base da humilde vivência cristã. Sua dignidade e sua forma natural de viver incomodou aos superiores da Igreja, que pretenderam desestabilizá-lo, mas sua força moral foi maior. Ainda assim, pouco depois de sua desencarnação já era construída uma basílica em sua homenagem, o que destoava completamente de seus ideais de amor à Natureza, humildade e simplicidade em tudo.
Mais de um milênio e meio após Jesus surgiu a figura de Martinho Lutero trazendo sua Reforma, através da qual procuraria restabelecer alguns padrões do primitivo cristianismo – Calvino, na mesma ocasião, tentou, sem conseguir, trazer o Cristianismo à sua forma nascente. Mal Lutero desencarnou seus primeiros seguidores começaram a reformar a Reforma, moldando-a fora da base por ele elegida em suas 95 teses.
Tudo isso demonstra, com viva clareza, que, por maiores e mais violentas que sejam as mudanças, elas seguem indiferentes à base em que deveriam se sustentar e mesmo quando surge alguém com porte moral suficiente para redirecionar seu modelo, nada parece ser suficiente para fazer ver e corrigir o que é preciso.
Embora a história registre tudo isso, estranhamente optamos pelo “deixa como está”, ainda quando nesse barco estejamos todos, soçobrando igualmente. Se assim não fosse, quem diria que o Espiritismo passaria por algo semelhante? Afinal, em abril de 2012 completamos apenas 155 anos de seu surgimento, o que, historicamente, é muito pouco tempo!
Allan Kardec foi de uma precisão e uma clareza irreproxável na codificação dessa Doutrina. Apesar disso, alguns pontos relevantes vêm sendo, sistematicamente, abandonados, esquecidos, mal colocados ou mesmo desvirtuados.
A pergunta que fica no ar é: qual o intuito disso? Que vantagens advêm desse estado de coisas e, se elas existem, a quem tem interessado?
Sem considerar qualquer ordem, examinemos apenas alguns pontos.
Magnetismo
O Magnetismo é colocado por Kardec como uma ciência irmã do Espiritismo, ciência essa que deu base para que o Espiritismo se expandisse e afirma, entre outras coisas, que Magnetismo e Espiritismo são uma única e só ciência (questão 555 de O Livro dos Espíritos) e que se tivermos que ficar fora da Ciência do magnetismo, nosso quadro ficará incompleto (Revista Espírita, março de 1858, artigo Magnetismo e Espiritismo).
Naturalmente surge a pergunta: o que temos feito com o Magnetismo? – Aplicamos passes nas Casas Espíritas, é a resposta comum. Mas será que passes, aplicados como têm sido, é a própria ciência do magnetismo? E quando, achando pouco, ainda o reduzimos a um simples repetir de movimentos ou, o que é pior, ensinamos que as mãos devem estar estacionadas sobre a cabeça do enfermo e enfatizamos que esse é o verdadeiro passe espírita, estaremos concordando com a base kardequiana? A quem se presta esse reducionismo distorcido e ineficaz?
Que vantagens temos obtido com isso? E os casos graves, que pedem providências igualmente graves, como ficam?
Sonambulismo
Outro ponto: o sonambulismo. O que foi feito dele? Discute-se muito que “A” não deveria ter deixado o Espiritismo, que “B” não poderia agir como agiu, que “C” está inventando novidades, mas o que fazer se a base está sendo esquecida, menosprezada mesmo? Projeciologia, Apometria, Desdobramentos, Experiências Fora do Corpo são filhos desse abandono à base. E quem sai perdendo com isso?
O que diz o silêncio dos que deveriam defender, se pronunciar, dar prosseguimento à obra que devemos vivenciar? Não seria hora de falarmos e pedirmos respostas em vez de continuarmos silentes?
Dupla vista, êxtase, letargia
Dupla vista, êxtase, letargia foram outros pontos abordados pelos Espíritos na Codificação, mas que estão totalmente esquecidos, mesmo quando Allan Kardec sugeriu que eles deveriam ser estudados, analisados e exercitados.
Não é interessante perceber que estamos todos acostumados a essas supressões sem que nos perguntemos a razão ou nos manifestemos no sentido de rever tais procedimentos?
Animismo
Animismo. No meio espírita surgiu como deveria ser, ou seja, é a ação do espírito pela própria alma (só para lembrar, Allan Kardec define alma como sendo o Espírito encarnado), mas de tanto lhe imputarem o sentido de embuste, atividade consciente ou inconsciente de falsidade na identidade de um pretenso espírito comunicante, hoje mais parece sinônimo de palavrão do que natural e promissora faculdade humana. Acusar algum trabalhador de produzir fenômeno anímico é tido por aquele como um insulto sem propósito. Só que assim não deveria ser. O Espírito Emmanuel, pela mão de Chico Xavier, elegeu, repetidas vezes, a expressão “faculdade medianímica”, no lugar de faculdade mediúnica, por reconhecer a dificuldade, senão a impossibilidade, de uma mediunidade pura, já que o fenômeno se dá sempre pelo filtro do transmissor da mensagem e este, encarnado, é, por princípio, anímico. Ora, se a deturpação da palavra animismo foi sendo infiltrada ao longo do tempo e hoje sua forma falsa é de uma aceitação quase absoluta, podemos pensar um pouquinho só e perceberemos que ele foi subtraído do Espiritismo – e, com ele, uma vasta, rica e indispensável bibliografia. Observemos, porém, que o magnetismo é animismo puro, assim como algumas faculdades ditas mediúnicas – vidência, ectoplasmia, transporte, etc. Sendo assim, qual a razão dessa distorção?
Intrigante perceber que, de forma direta ou indireta, o magnetismo parece estar sempre em cheque...
Evocações
E para não me estender demais, só mais um pontinho. O Livro dos Médiuns, subtitulado “guia dos médiuns e dos evocadores”, está começando a sofrer mutações. A primeira delas parece inofensiva: retirou-se, sem se explicar as razões, seu sub-título. Por quê? A resposta parece simples: desde muito tempo há quem queira surrupiar a possibilidade das evocações, como se isso fosse um pecado ou um risco mortal ou, ainda, algo condenado pelos Espíritos Superiores. E se alguém tenta reverter essa extirpação e advoga que Allan Kardec evocava, a resposta já está pronta: “mas isso era apenas para ele, por conta de sua missão”. Ora, se esta resposta está correta, então Kardec falhou redondamente quando deu o sub-título ao Livro dos Médiuns e, pior ainda, deixou impresso um capítulo inteiro (o de número 25) nessa obra tratando judiciosamente das evocações. Convenhamos há um estranho interesse em se suprimir essa possibilidade dos seguidores do Espiritismo. Fica no ar, mais uma vez, a questão: a quem isso interessa? Que razões se escondem sob tal desejo? De que temem sejam os Espíritos indagados?
São muitas questões em aberto, muitas mesmo. E todas convergem para um mesmo ponto: a Doutrina Espírita está sendo delapidada em sua base, de uma forma constante, persistente e grave.
Mas para que não se imagine esteja eu atirando pedras em multidões ou girando metralhadoras que cospem fel a esmo, posso até aceitar o argumento de que uma muito sutil e inteligentíssima atividade dos chamados planos inferiores venha urdindo tudo isso e nos envolvendo a todos, indistintamente e há longo tempo, sem que tenhamos sequer avaliado para onde estamos caminhando. Sendo assim, já é hora de acordarmos. Não temos o direito de permitir que tamanha desconfiguração prossiga, levando-nos para um ponto de difícil retorno e de complicadas consequências.
Não me sinto nem me considero melhor observador do que qualquer outra pessoa ou Espírito, mas, por favor, quem tiver explicações razoáveis que justifiquem o que ocorre em nossa Doutrina e que essas razões deixem claro que tudo está correto e que o Espiritismo de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores pede essas alterações, repito, por favor, me apresente, pois o meu maior desejo é que sejamos espíritas de fato e de direito e não apenas de aparências e acomodações. Entretanto, se essas razões, explicações, justificativas ou desculpas em nada comprovam a necessidade de tão cruéis e infelizes alterações, que nos unamos todos para reverter o que é urgente... ou deixemos que o tempo nos convide a vertermos escaldantes lágrimas de arrependimento num futuro muito próximo.
Não nos enganemos: esse trabalho não é nem pode ser individual.
Francisco de Assis e Martinho Lutero demonstraram que é preciso muito mais. Ou surgem forças que se empenhem na restauração dessa base, já, ou permitiremos que o Espiritismo se desestabilize e, modificado na base, nos arremeta ao ostracismo a que já fomos lançados outras vezes, quando vivíamos, em etapas reencarnatórias pretéritas, sob outras denominações, arcando com todas suas infelizes consequências, posto que agora podemos falar e agir sem termos fogueiras ou circos para nos trucidar, crucificar ou expoliar.
                                                                      JACOB MELO

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